ECOSOFIA, um convite

A possibilidade da existência de um “cidadão do mundo” está condicionada, ao que parece, à implementação de novas formas de pensar, sentir e agir. Estamos falando, portanto, de uma readequação do estatuto político, bem como de uma revalorização dos lugares. Precisamos promover uma CIDADANIA ecosófica que permita às pessoas intervir plenamente no meio em que vivem, mas não apenas isso. É necessário pensar uma nova estruturação político-territorial, com a indispensável redistribuição de recursos, prerrogativas e obrigações. É chegado o momento de uma construção “de baixo para cima”, cujo ponto central deve ser a construção de individualidades (subjetividades) potencializadas para operar mudanças de paradigma. Lembrando Foucault e Guattari, o que está em jogo quando se pensa a ética é uma pragmática de si / modos de subjetivação.


Artista Plástico: Jason Hackenwerth
                                                    
                                              

BH sobrevive à tentativa de extermínio das sacolas!

A capital de Minas decidiu se tornar a primeira capital do Brasil a substituir as sacolinhas plásticas por produtos chamados de ecológicos; segundo a Lei 9.529/08 que entrou em vigor a partir de fevereiro desse ano.
Supermercados, farmácias, lojas e padarias já não podem embalar os produtos com a dita cuja. Consumidores terão ou que comprar sacolas biodegradáveis ou arrumar outra forma não-plástica de levar tais produtos para casa e, depois de usado, encaminhá-los ao Sistema de Limpeza Urbana.

As embalagens que recobrem os produtos, apesar de em sua maioria plásticas, não estão incluídas nessa Lei. Então, os consumidores poderão levar, em suas ecobags ou em sacolas biodegradáveis, uma infinidade de produtos embalados para casa, conforme permita sua renda.
Não estamos tentando questionar essa proibição, até mesmo por que é um grande passo para a diminuição do uso de tais sacolas a revelia. Porém, não se pode deixar de lado as questões que deram origem a essa proibição: o acúmulo de sacolas por toda a cidade é um jeito de dizer que se está produzindo um turbilhão de lixo!

Por que não tocar na diminuição do consumo? Na separação correta daquilo que possa ser reutilizado como matéria-prima para a indústria, diminuindo, por isso, o gasto de água e energia na fabricação de novos produtos? Numa forma que obriga a indústria a ser responsabilizada pelos danos que seus produtos causem? Numa forma dessa mesma indústria ser responsável pela disposição final de seus resíduos industriais?

Enquanto nos vangloriamos desse passo, extremamente importante por sinal, o Brasil continua a comprar toneladas de materiais recicláveis anualmente. Ao passo que nossos exuberantes lixões ainda existem e se configuram em ganha-pães de tanta gente faminta e que nem sequer precisam usar sacolas plásticas, pois não há o que carregar.


O óbvio negado pela e na prática.

Em 2000, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu 8 Jeitos de Mudar o Mundo como objetivos a serem cumpridos nesse milênio.

Esses oito objetivos se pautam na diminuição de expressões desumanas que já se relaciona de forma íntima com essa nossa sociedade. Parecem já ter se aculturado, impregnado, confundido a tal ponto de se tornarem essenciais ao mantimento do tão pronunciado sistema.


Esse, o sistema, parece domar nossas vidas, norteá-las e, caso queira, até destruí-las.  Mas o mundo sugere ser muito além de algo instituído: é, mais, uma construção. Algo que faz, refaz e torna a se fazer, continuamente.

Esses objetivos tratam de temas que ninguém haveria de discordar publicamente que são importantes, preferenciais, merecem atenção e dedicação. As discordâncias aparecem nas entrelinhas do fazer, na prática cotidiana: o discurso (vazio, por sinal) ainda pode trazer irrealidades, coberto de clicherizações e ser apropriado por alguéns que precisam do tão somente marketing social.




Em defesa de outro mundo possível

Em defesa de outro mundo possível  é o título de um artigo escrito pela Edivânia Gomes que fora publicado no dia 05 desse mês na revista Carta Capital, em sua versão online. Esse artigo traz uma leitura sucinta e muito bem feita da conhecida obra do grande geógrafo brasileiro Milton Santos intitulada Por uma outra globalização.

A autora salienta, nessa reportagem, a proposta do geógrafo sobre as três formas de se analisar a globalização: a globalização em um mundo que se apresenta como uma fábula, um mundo que se materializa em perversidades e um outro mundo possível, passível de mudança

Além disso, contemporaniza esse debate enfatizando que o papel do consumidor tem sobressaído em detrimento do papel do cidadão, num processo de coisificação humana. Este último torna-se cada vez mais difícil (e confuso!) de se delinear...
“Há muito mais espaço para o consumidor (...). Dessa forma, torna-se mais fácil aceitar um mundo onde são as coisas que comandam, e não os valores”.
Como o próprio nome do caderno onde fora publicado já diz, esse artigo e, principalmente, a obra a que ele se refere é uma Carta Fundamental à leitura. Por conta disso, indicamos!

Endereço do artigo: http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/em-defesa-de-outro-mundo-possivel

Por uma outra globalização disponível em PDF: http://www.4shared.com/document/c_62OfRy/Por_Uma_Outra_Globalizao_-_Mil.html